quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O moderno e silencioso desespero


Quando se diz que alguém está desesperado, imaginamos logo uma pessoa ansiosa, agitada, incapaz de ter um sono tranqüilo, chorando ou gritando – enfim, um ser humano nitidamente colocado num estado merecedor de pena. Pois é, esse é o convencional sentido daquele adjetivo.Entretanto, creio que valha a pena refletirmos sobre certo tipo de habitual desespero , despercebido pela maioria de nós, permanentes observadores de fatos e de pessoas.

Vivemos, ainda que inconscientes disso, sob a influência de uma envoltória cultural. Já faz alguns séculos que essa envoltória não mais irradia a fé que inspirou a vida dos europeus durante cerca de mil anos. Uma fé que, conforme faz pouco tempo nos lembrava Bento XVI, está essencialmente solidária com uma Esperança, uma implicando a outra.

Quando a sociedade aceita o Cristo como a resposta a todas as nossas angústias, essa Esperança fortalece as pessoas em sua trabalhosa passagem por este mundo visível. Cada uma dessas pessoas sabe, então, que é única e intransferível e, por isso mesmo, responsável. Quando não ocorre tal aceitação, abre-se a porta para um silencioso, porém real desespero .

Por isso seria bom lembrar, de modo enfático, que nunca se deve confundir o Cristianismo com certo tipo de moral sublime. Ele é infinitamente mais que isso.

Nenhum comentário: