sábado, 29 de outubro de 2011

Um colossal equívoco


Se prestarmos freqüente atenção ao que sucede nas modernas relações humanas de caráter utilitário, ocorram elas no setor do comércio (lojas, restaurantes etc.) ou na área da prestação de serviços (ligados a profissões de vários níveis de escolaridade) , perceberemos um fato criticado com veemência pelo escritor americano Richard M. Weaver em seu clássico livro: IDEAS HAVE CONSEQUENCES. Referimo-nos à lamentável atitude do homem moderno diante do trabalho, ao considerar essa atividade apenas um meio de subsistência. Weaver no livro citado nos lembra que era outra, bem diferente, a atitude do homem medieval.




Isso nos faz lembrar, mais uma vez, o fato de tantas pessoas que, apesar de possuirem ótimo nível de escolaridade, persistem no colossal equívoco de chamar o Medievo de Idade das Trevas. Que o leitor me perdoe pelo desabafo, porém tenho que dizê-lo. Muitas vezes, diante de tanta pequenez no que se refere ao modo como se excuta um trabalho, me pergunto: não seria a nossa a época das trevas?




Não somos ingênuos a ponto de negar a existência de pessoas ambiciosas na Idade Média. Entretanto, eles, os medievais, sabiam perfeitamente que a ambição é um terrível pecado e, como tal, precisa ser evitada

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Uma dramática pergunta que ficou sem resposta


Costumo pensar que no Novo Testamento existem duas perguntas de imensa dramaticidade. A primeira é a de São Judas Tadeu e a segunda a de São Paulo na estrada de Damasco. A de São Judas , cuja festa é hoje celebrada, praticamente ficou sem resposta. Tal fato liga-se ao mistério das escolhas divinas. No evangelho da missa de hoje é narrada a escolha dos doze discípulos que passaram a ser os apóstolos . Eram homens de pequena cultura e com vários defeitos, e entre esses apóstolos, escolhidos pelo próprio Cristo, estava o traidor.


Creio que já escrevi sobre esse assunto, mas vale a pena relembrá-lo. Um dos maiores mistérios, se não o maior, da existência humana é o respeito que Deus tem pela liberdade do homem. Jesus deixou a seus discípulos a missão de difundir a fé. Não usou seu poder para coagir a imensa multidão de homens e mulheres do mundo pagão a seguir seus ensinamentos. E Ele já sabia que haveria no futuro aquela trágica perda de memória na cultura ocidental, a que nos referimos no post anterior.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O maior desafio feito ao homem


Faz pouco tempo um velho amigo escreveu um poema intitulado Magno Mistério no qual nos lembra um fato tantas vezes por tanta gente esquecido, esquecimento esse que constitui uma perda da memória histórica. A sociedade moderna, talvez hipnotizada pelas maravilhas científicas e tecnológicas com as quais convive, não consegue mais refletir sobre o maior desafio já feito ao homem: a ressurreição do Cristo. Jesus ressuscitado não apareceu diante de Pilatos nem diante dos doutores que o haviam entregue ao romano para lhes dizer: " vejam, estou vivo!".


O mal de Alsheimer choca a todos nós pela infeliz perda de memória daquele homem ou daquela mulher que padece dessa sombria doença. Pois bem, talvez esteja na hora de nos darmos conta dessa trágica amnésia coletiva quanto ao fato histórico que há muitos séculos serve como referência para a contagem dos anos.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Adendo ao post anterior


No post anterior referi-me a duas atitudes extremas, uma oposta da outra, em relação ao tema do sexo, a do moralista e a do libertino. Diz antigo aforismo latino: "In medio virtus", "A virtude está no meio". Infelizmente, muitas pessoas, ao ouvirem ou lerem esse velho ditado, acham que o meio seja um tipo de média aritmética, uma jeitosa mistura dos extremos. Ora, o meio, no caso, é análogo a uma estreita colina separando duas profundas ravinas. É difícil caminhar no alto dessa colina. A virtude é um habitus moral, é uma perfeição, não um arranjo. E não se confunda habitus com hábito, mera repetição mecânica.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Medindo a maturidade


Um modo fácil de medir o grau de maturidade de alguém é observar como essa pessoa costuma tratar assuntos ligados ao sexo. Quanto mais irreverente for a abordagem, menos madura será a pessoa que está tratando do assunto.

Parece-me que há três modos de abordar o tema do sexo. O primeiro é o do moralista. No extremo oposto está o libertino. A atitude correta é a da reverência em relação ao mistério do sexo.

domingo, 14 de agosto de 2011

O colossal equívoco


Creio que um dos maiores equívocos, se não o maior deles, é o que se mantém quanto à essência do Cristianismo. Uma imensa multidão de pessoas, incluindo até mesmo muitas que se julgam cristãs, colocam no núcleo da religião cristã uma sublime e exigente doutrina moral , cuja aceitação e prática resultaria simplesmente em uma vida menos difícil de ser vivida. Infelizmente, muitos cristãos raramente param para pensar neste fato: o Cristo ressuscitado não apareceu diante de Pilatos e diante dos sacerdotes judeus para lhes dizer: "vejam, estou vivo plenamente!" Essas mesmas pessoas, infelizmente distraídas, não refletem sobre aquele fato perguntando a si próprias: "por que Ele não fez isso?"



Gastamos um tempo enorme discutindo os problemas morais existentes na vida política, econômica e familiar, porém, deixamos de refletir sobre dramáticos e essenciais mistérios. E o maior deles continua sendo o da ressurreição do Senhor.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Reflexão Pascal


Como ainda estamos no tempo litúrgico da Páscoa, creio que seja válido fazer a presente reflexão.


Separados por mais de vinte séculos da Ressurreição, a maioria de nós não costuma refletir atentamente sobre o mistério do evento nuclear do cristianismo. Não costumamos pensar, por exemplo, neste fato: Nosso Senhor não apareceu a todas as pessoas que viviam ou estavam em Jerusalém para lhes dizer: vejam, eu estou vivo! Não disse isso para Pilatos e para os religiosos judeus que o haviam condenado à morte na cruz.



A perseguição que se seguiu a todos os discípulos de Jesus depois de Pentecostes é um fato que deveria lembrar-nos do tremendo mistério da nossa vocação. Em 8 de março deste ano escrevi um post abordando a pergunta feita por São Judas Tadeu, pergunta essa que praticamente ficou sem resposta. Muitos de nós católicos nos deixamos empolgar com um ou outro tipo de atividade, legítima sem dúvida alguma, ligada à defesa da Moral, porém não paramos para perguntar, com temor e com tremor, aquilo mesmo que perguntou São Judas: por que eu?


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Significativo contraste


Acompanho diariamente o "Evangelho Quotidiano", essa benfazeja divulgação das leituras da missa diária, divulgação essa feita na Internet por um abnegado grupo de católicos portugueses. Ao final de cada seqüência, é sempre inserido um comentário ligado ao evangelho do dia, feito em geral por um autor católico, quase sempre um santo. O comentário de hoje (20 de maio de 2011) é trecho de um escrito de São Boaventura . O piedoso religioso franciscano, grande amigo de Santo Tomás de Aquino, fala sobre o modo como devemos nos aproximar de Deus, um modo baseado nuclearmente na plena confiança nAquele que nos criou e nos redimiu por meio da cruz, e não firmado em nossa humana sabedoria, em nossas leituras e estudos. São Boaventura NÃO diz que devemos abandonar nossos estudos e nossa leitura de livros, não diz que devemos desprezar o bom uso da razão. Afinal ele foi amigo justamente daquele santo dominicano, não menos piedoso, que tanto usou sua inteligência e seus estudos em defesa da fé cristã autêntica. É preciso distinguir: hierarquia não significa exclusão.


Pois é, vemos aí um contraste entre duas atitudes diante da Razão, uma, correta, aquela de um fiel seguidor da Igreja; outra, infeliz, a que foi adotada pelo homem cuja desobediência deu origem à triste separação dos cristãos.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A Moral e o Mistério


Creio que já escrevi sobre esse tema, mas ele é tão relevante que vale a pena retomá-lo.

A Moral é importante, é necessária, entretanto, se estiver desligada do Mistério ela acaba escorregando para o simples moralismo. E isso ocorre independente da honestidade de quem esteja preocupado com a moral .

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A necessária hierarquia


Faz mais ou menos uma hora li em um blog a notícia sobre um fato que teria ocorrido em uma cidade gaúcha. Se esse fato realmente aconteceu, ele é mais uma comprovação do triste estado em que se encontra a cultura católica no Brasil.


O ser humano tem três faculdades : a inteligência, a vontade e a sensibilidade. Todas as três são importantes, todas merecem o nosso respeito, o nosso cuidado para que realizem, cada uma, a sua específica finalidade. Entretanto, existe uma hierarquia. Cabe à inteligência o papel reitoral. Quando essa precedência é esquecida, por exemplo, ao agirmos em primeiro lugar para agradar à nossa sensibilidade, podem ocorrer graves agressões a certas nucleares realidades da milenar doutrina da Igreja, como são os sacramentos. Tomara que o tal fato não tenha acontecido.

sábado, 19 de março de 2011

Lembrando Santo Agostinho


Este post de certa forma complementa o anterior.

Santo Agostinho, pensador respeitado até mesmo por autores não cristãos, em um de seus escritos afirma que "o demônio é o imitador de Deus". Ora, todos os regimes totalitários, sejam eles do tipo nazista ou comunista, procuram ser onipresentes e oniscientes. Ou seja, tais regimes copiam de modo demoníaco aqueles dois essenciais atributos divinos, a onipresença e a onisciência. Sendo de inspiração demoníaca, tais regimes jamais poderão criar uma "sociedade justa".

A "sociedade justa"


Sob este título - Sociedade justa - o escritor Olavo de Carvalho publicou no dia dez deste mês um interessante e esclarecedor artigo, bem lúcido e não menos oportuno. Se alguém ainda não leu, vale a pena entrar no "site" daquele autor para ler esse artigo.

Logo que terminei de ler o referido texto lembrei-me de uma idéia brilhantemente apresentada no livro DOIS AMORES, DUAS CIDADES, da autoria de Gustavo Corção. Refiro-me ao "conceito" de envoltória cultural . Ao longo dos séculos, em cada época os homens vivem sob aquilo que seria como uma irradiação oriunda do alto, constituída pelas idéias, pelos valores e pelas crenças que , de um modo quase imperceptível , inspiram os agires cotidianos das pessoas. Se essa envoltória é de tal natureza que estimula os bons a se tornarem melhores e reprime os maus para que não se tornem piores, então poderemos afirmar que vive ali uma "sociedade justa".[A colocação destas aspas atende a certas considerações feitas por Olavo no artigo acima citado].

É uma pena que o livro por mim referido tenha sido colocado no ostracismo.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Manchete sábia


Jornais não são fontes habituais de sabedoria. Vinculada ao alarido das informações diárias, a imprensa em geral fica distante das verdades essenciais. Ora, para minha surpresa eis que no sábado, dia 12 deste mês, o jornal EXTRA, referindo-se à recente tragédia no Japão apresentou a seguinte manchete:
- E O HOMEM AINDA ACHA QUE ESTÁ NO COMANDO

Pois é, em meio a tantos e graves problemas políticos e sociais, em meio a tantas agressões cometidas contra a Lei Natural, esta manchete aparece como uma pequena porém brilhante luz nas trevas. Parabéns ao jornalista que teve coragem para escrever aquela frase.

terça-feira, 8 de março de 2011

Lembrando São Judas Tadeu


Faz um certo tempo publiquei um post em que me referia a duas dramáticas perguntas feitas ao Senhor no Novo Testamento, ou dramáticas pelo menos conforme as vejo. A primeira delas, que praticamente ficou sem resposta, é a de São Judas Tadeu. A segunda, que teve completa resposta, é a de São Paulo na estrada de Damasco.

O episódio em que ocorreu a primeira pergunta deveria sempre voltar à nossa memória toda vez que nos deixássemos envolver por alguma forma de racionalismo. Sim, porque esse tipo de envolvimento ocorre até mesmo entre nós católicos. Fixados, por assim dizer, em certa rotina religiosa, acabamos por nos esquecer de algo nuclear em nossa existência: a permanente presença do mistério, a começar pelo mistério da nossa vocação pessoal . E não apenas o mistério ligado à nossa crença, mas também aquele presente em todas as coisas que nos cercam, até mesmo nas mais banais e mais silenciosas.

Descobrir esses fatos coloca-nos quase sempre em uma incômoda solidão. Nesses momentos é preciso lembrar o que Ele nos disse: " sem mim, nada podeis fazer".

domingo, 6 de março de 2011

Um adendo ao post anterior


Ainda falando sobre o bom pregador. Muito mais que um bom expositor da correta doutrina cristã, ele deve ser um homem cuja presença irradia para seus ouvintes o testemunho de alguém que vive de fato ligado ao Senhor.

Não importa quantos sejam os séculos


Hoje recebi pela Internet uma mensagem falando sobre certo tema muito interessante. Após a leitura dessa mensagem veio-me à cabeça a idéia de escrever este post .

Estamos no século XXI. A contagem é feita a partir no nascimento do Cristo, a contar da Encarnação do Verbo. Ora, não importa quantos sejam os séculos, não importa em que século estou vivendo. O que importa é minha honesta e, sobretudo, firme resposta a estas perguntas:
- "quem é Jesus Cristo para mim? O que Ele representa de fato em minha vida pessoal ? "

O bom pregador, seja ele um padre ou um bispo, deve ser alguém que nos leva a fazer diariamente aquelas perguntas. Se esse pregador consegue isso, sabe realmente transmitir a mensagem evangélica.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O mistério da Igreja


Não faz muito tempo, citei aqui o velho ditado que afirma: "há males que vêm para bem". Hoje ocorreu um fato que me fez lembrar, mais uma vez, a sabedoria daquela proverbial e antiga afirmativa. Ao ler um texto escrito por um certo jornalista, pessoa muito inteligente e de ótima cultura, deparei-me ali com uma referência pouco feliz à Igreja Católica, e isso levou-me a escrever este post.

Um eventual e malicioso leitor neste momento poderá perguntar: "quer dizer que este post é um inesperado bem resultante do equívoco do tal jornalista?"

Respondo dizendo que não. O bem advindo foi, sim, a minha ida ao Evangelho para conferir, mais uma vez, a solene promessa feita pelo Cristo ao apóstolo Pedro, conforme nos conta São Mateus nos versículos 18 e 19 do capítulo 16 do livro por ele escrito.

Referir-se à Igreja como se ela fosse uma instituição meramente humana é mostrar lamentável desconhecimento do mistério eclesial. Esse mistério está impregnado de beleza, porém isso mesmo acaba dificultando uma desejável visão dele. Vivemos dias em que o Belo anda esquecido, até mesmo por aqueles sapientes em suas muitas e variadas opiniões.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

As conversões de São Paulo e Santo Agostinho


Creio que essas duas conversões sejam bem didáticas, mormente em nossos dias. Comumente somos envolvidos, levados pela agitação dos problemas modernos e, apanhados nesse ruidoso redemoinho, nos esquecemos de nucleares verdades do Cristianismo. Uma delas é a do mistério da vocação. Por que Deus escolhe este ou aquele?

São Paulo era um judeu convicto, zeloso defensor da tradição hebraica - era um fariseu autêntico. Santo Agostinho era um intelectual marcado pelas fraquezas da carne, um pensador atraído pela heresia maniquéia. Cada um deles recebeu um especial convite. Aceitaram-no e passaram a viver em conformidade com a missão recebida.

Não seria o caso de refletirmos sobre a nossa particular, pessoal vocação? Ou permaneceremos ligados aos agitados conflitos da vida moderna?

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O porquê da minha reflexão anterior


O que me levou a escrever a reflexão anterior (sobre o significado da Idade Média) foi um artigo que li ontem na Internet. O referido texto criticava duramente um notório político brasileiro. A crítica era - e é - sem dúvida alguma, repleta de verdades, é uma crítica justa e oportuna.. Entretanto, quem escreveu o artigo provavelmente até agora não foi às raízes mais profundas do problema. Comenta-se o fato de a maioria de nossos eleitores ser incapaz de fazer uma lúcida escolha politica, porém não é explicado por que nosso povo acabou chegando a um tal ponto de decadência ética que o torna incapaz de perceber certas realidades que deveriam ser óbvias.

O significado da Idade Média


Se, em uma conversa em família ou entre colegas, nos arriscarmos a fazer elogios à Idade Média, é bem possível que, de repente, alguém nos pergunte: "então você quer dizer que naquela época todos os homens e mulheres da Europa eram santos? Que não havia vaidade, ambição, arrogância ou violência naqueles tempos? "

Um grande escritor brasileiro, em livro que talvez seja a principal de suas obras, discorre com grande perspicácia sobre aquilo que ele chama de envoltória cultural. Em cada época da história a sociedades humana vive justamente sob uma característica envoltória cultural, ou seja, vive inconscientemente sob a influência de um conjunto de idéias e de valores que inspiram todas as ações das pessoas, sejam as ações rotineiras, sejam os atos extraordinários. Quando se estuda sem preconceito a história da Idade Média vê-se que ali houve de fato uma civilização cristã. E é isso o que hoje em dia não existe no Ocidente, ainda que as estatísticas nos digam que existem milhões de batizados nesta região do mundo.

O problema começou a existir há vários séculos. Quando Colombo chega à América, a envoltória cultural européia já estava passando por uma sutil mudança. Camões, em seu maior poema, com mais de oito mil versos, apenas em dois deles refere-se à Cristandade.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Uma vital hierarquia


Quando lemos o Antigo Testamento, quando somos informados sobre o que pensavam homens como, por exemplo, Aristóteles e Cícero, vemos que a Moral, as regras morais já existiam séculos antes do Cristianismo. O próprio Cristo, em uma de suas inúmeras advertências, nos previne sobre o original significado de sua mensagem quando nos diz: "não julgueis que vim terminar com a Lei e com os profetas". De fato, o que Ele nos traz é algo inteiramente novo; é justamente o apelo a uma nova atitude diante do mistério da vida, do mistério que existe em cada pessoa humana.

Não se trata de minimizar, de esquecer os problemas políticos, os problemas familiares e outros, que sempre existiram e sempre existirão. Necessário é darmos precedência a uma atitude quieta, com um silêncio interior, diante daquele mistério, ou seja, criarmos em nós uma vital hierarquia.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Um colossal mistério


Não sei se o adjetivo colossal será suficiente para qualificar o termo a ele posposto. Estou me referindo ao mistério do respeito que Deus tem pela liberdade humana. Neste momento, um eventual leitor deste blog poderá comentar: "ora, esse respeito está coerente com o fato de o ser humano não ter sido criado robô ". Responderei ao comentário dizendo que a coerência não esgota o mistério.

Em volta de nós existe uma infinidade de coisas, de objetos com os quais convivemos, dia após dia. Esse convívio gera uma rotina que cobre nosso olhar como se fosse um véu invisível . Desse modo deixamos de perceber o mistério existente em cada coisa , em cada objeto. Poucos, bem poucos de nós nos damos conta dessa misteriosa realidade. Encontrá-la pode ser uma pista para contemplarmos, admirados, o mistério daquele divino respeito.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O maior desafio continua


[Este post de certo modo complementa o que escrevi no dia 13 deste mês.]

Não é exagero afirmar que vivemos sob um contínuo bombardeio de notícias que nos chegam pela televisão, pela Internet, pelos jornais e pelas revistas noticiosas. Essas notícias envolvem desde os sombrios fatos da politica até as tragédias causadas pela natureza, sem esquecer as intrigas do chamado meio artístico e outras ligadas ao nosso popular futebol. Se não tomarmos cuidado deixamos nossa inteligência ficar prisioneira de um ativismo mental.

A meu ver, esse ativismo mental bloqueia uma necessária atitude contemplativa. E esta é tanto mais importante, tanto mais necessária, quanto maior é a intensidade daquele bombardeio de notícias. Uma das consequências do bloqueio é o esquecimento do maior desafio feito ao homem . Esse silencioso desafio, feito há mais de dois mil anos, continua presente:
- quem é Jesus Cristo para mim?

sábado, 15 de janeiro de 2011

Com quem deveríamos aprender


Depois de ler hoje na Internet certo texto escrito sobre um assunto de indiscutível relevância, tomei a decisão de registrar aqui uma idéia, antiga porém, a meu ver, sempre atual. Essa idéia não é minha e não consigo me lembrar quando e onde dela tomei conhecimento, e nem me lembrar, infelizmente, quem é o seu autor. Em síntese, a idéia é a seguinte: as pessoas que melhor podem nos ensinar as verdades essenciais são os santos, os poetas e as crianças.

Inúmeras vezes nos prendemos ao ato de analisar os problemas do mundo moderno, mais especificamente os problemas do Brasil e, assim presos, deixamos de contemplar o mistério das coisas. Valeria a pena prestarmos mais atenção nos santos, nos poetas e nas crianças.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Um ponto para refletir demoradamente


Estou escrevendo este post supondo que ele venha ser lido por um cristão, católico ou não. Um não cristão provavelmente vai achar o assunto irrelevante.

Quando lemos com atenção as páginas do Evangelho que nos falam sobre a ressurreição do Senhor, notamos o seguinte fato: Jesus ressuscitado não apareceu diante dos doutores da Lei que o haviam entregue a Pilatos nem apareceu diante do homem que o condenara à morte para lhes dizer: "vejam, estou vivo".
Pergunto: quantos cristãos terão refletido sobre essa silenciosa atitude de Jesus?
Na minha opinião, o não ter pensado no assunto denota falta de sensibilidade para com o nuclear mistério da mensagem evangélica.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A difícil comunicação humana


No dia 4 deste mês escevi uma reflexão avulsa em que falava sobre a dificuldade da comunicação humana, em que pese ela estar ligada à nossa natureza. Acho que seja cabível discorrer sobre o tema.

Suponhamos que um mesmo livro, por exemplo, um ensaio histórico, venha a ser lido por dois brasileiros, um: o senhor X, e o outro: o senhor Y. Vamos supor, para melhor fazer nossa análise, que ambos os leitores possuam escolaridade de nível superior, tenham a mesma crença religiosa, sejam profissionais sérios, dedicados pais de família e adotem uma idêntica posição crítica diante da situação política brasileira.

Note o leitor a existência de vários significativos pontos de encontro cultural entre os dois homens ora considerados.Entretanto, terminada a leitura do livro referido, o leitor X mostra-se entusiasmado enquanto o leitor Y, ainda que tenha entendido tudo o que estava lá escrito, fica em um estado de contrastante apatia. Por que ocorre essa diferença de reações?

Cada ser humano tem uma história eminentemente pessoal, um passado repleto de circunstâncias únicas, de experiência com fatos que, uma vez ocorridos, ficam para sempre guardados na memória, nos dois quartos dessa faculdade, o da lembrança intelectual e o da lembrança sensível, quartos esses interligados. Os poemas que foram lidos e o modo como foi feita a leitura, as músicas que foram ouvidas e o modo como se deu a audição, tudo isso e muito mais foi moldando, ano após ano, o nosso pessoalíssimo modo de ler um livro.E mais que isso, foi construindo a nossa capacidade de receber a mensagem nele contida.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Reflexões avulsas


1.O moralismo político ainda é uma forma de moralismo, não importa o quanto seja bem intencionado.

2. O verdadeiro amigo não bate palmas para tudo o que falamos ou fazemos.

3.A memória histórica é tão importante para a sociedade humana quanto a memória individual é para uma pessoa.

4.O papel nuclear da inteligência não é resolver problemas complicados, mas, sim, contemplar o Bem, a Verdade e a Beleza.

5. Com absoluta certeza a honestidade não é a principal virtude.

6. Aristóteles nos ensina que o homem é um ser essencialmente comunicativo. O Estagirita está certo, porém como é difícil a comunicação humana!

7. As explicações claras e convincentes que a Ciência nos dá sobre os fenômenos físicos ficam sempre alheias ao mistério das coisas. Um poeta pode dar-nos aulas mais didáticas sobre esse assunto.