sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O mistério da vocação


Faz algum tempo editei um post intitulado "Duas dramáticas perguntas", referindo-me a duas passagens do Novo Testamento.Em cada uma delas, um homem interroga o Cristo, expondo-lhe não uma simples curiosidade, mas uma questão vital, cujo esclarecimento pode significar completa mudança de comportamento daquele que perguntou.

A primeira das perguntas por mim citadas foi feita por São Judas Tadeu, e creio que ficou praticamente sem resposta. Trata-se do mistério da vocação, palavra que vem do verbo latino "vocare" = chamar (em voz alta), mandar vir. Por que fui chamado?
Podemos listar,minuciosamente,todas as circunstâncias que certo dia nos levaram a aceitar o chamado feito por Jesus Cristo.Essa listagem, por mais minuciosa que seja, nunca eliminará o mistério do fato.

Pois é, acaba de partir de nosso convívio um velho monge beneditino. Um homem dotado de inteligência brilhante, capaz de fazer rápidas e precisas análises dos velozes acontecimentos do cotidiano.Um homem formado em engenharia, invulgar conhecedor da matemática e de outros ramos da ciência.Dotado de sensibilidade para as artes, em especial a música erudita, e para a literatura, sabia também expor, com tranqüilidade, sábias reflexões sobre temas filosóficos e teológicos.

Dom Ireneu Penna foi alguém chamado em plena juventude para a total dedicação ao Cristo. Que Deus lhe conceda agora o prêmio pelo testemunho autêntico que deu, durante longos anos, para todos nós que o conhecemos.

Como definir uma pessoa civilizada


Uma pessoa realmente civilizada nunca fala alto em um restaurante, ou no metrô, ou no ônibus. Rarissimamente conversa dentro de uma igreja, e quando tem que fazer isso, fala pouco e no tom de voz de alguém que está contando um segredo.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Sobre o mau emprego de certas palavras



Faz poucos dias publiquei aqui uma reflexão que me havia sido inspirada por uma piada lida na Internet. Eis que ontem ou anteontem uma outra historieta cômica, também divulgada na “web”, fez-me refletir sobre outro tema, tanto ou, quem sabe, mais relevante que o primeiro.

Trata-se agora do mal uso de certas palavras. Aparentemente, isso não deveria ser preocupante, uma vez que a habitual tolerância humana sempre se adapta à situação em que o termo está sendo usado e, por isso, não perde a mensagem que o locutor ou redator está querendo nos transmitir. Entretanto, esse mau costume acaba, de certo modo , atrofiando o desejável bom uso da inteligência.

Na piada que me inspirou esta reflexão é usada a palavra sabedoria , nitidamente como sinônimo de “ esperteza”, definida esta como habilidade para safar-se de situações embaraçosas. E o uso é tanto mais impróprio quanto mais destaque é dado à idade de uma personagem da historieta. Convenhamos: de uma pessoa que atingiu oitenta anos de vida espera-se que ela irradie verdadeira sabedoria , e não uma simples e pragmática astúcia.

sábado, 25 de outubro de 2008

O triângulo e o pingue-pongue


[Antes de entrar no assunto propriamente dito, um esclarecimento. Estas reflexões são bem pessoais. Mesmo quando aqui se fazem citações de textos, a escolha deles e os comentários sobre eles feitos refletem uma visão pessoal deste escriba. Ora, não sendo José António mais que alguém a refletir, alguma coisa do que publica pode estar distante da procurada, desejável verdade.]

No que toca às relações humanas, infelizmente em grande parte do tempo elas ocorrem num modo que poderíamos chamar de “pingue-pongue” . O advérbio infelizmente possivelmente se aplica com mais vigor à sociedade Ocidental. O modo que chamo “pingue-pongue” muitas vezes cansa e, pior, muitas vezes gera um desagradável atrito.

O desejável, mormente entre nós ocidentais, seria o relacionamento “triangular”, a saber: o Cristo e os dois próximos envolvidos no encontro. Pelo menos um desses dois próximos deveria SEMPRE estar ligado ao vértice principal desse triângulo.E o “sempre” aqui é “sempre” mesmo.Sem exagero algum no adjetivo. Caso contrário, resvalamos para o cansativo, o perigoso “pingue-pongue”.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O perigo do sucesso


Creio que um dos maiores perigos – se não o maior – na vida de um homem esteja no sucesso, isto é, em ser um sucedido na vida. O bem sucedido usualmente acredita que seus critérios e suas matrizes de julgamento sejam corretos. Talvez seja esse o caso do filósofo francês Luc Ferry, entrevistado pela revista VEJA de 22 de outubro deste ano. Segundo nos informa a entrevistadora, o professor Ferry “transforma seus livros em best-sellers .Sua obra Aprender a Viver , lançada em 2006, vendeu 700 000 exemplares, 40 000 deles no Brasil”.
Para mim pelo menos, esse homem é um bem sucedido na vida.

Ora, o tema da citada entrevista é a afirmação de Ferry sobre o papel assumido pela família no mundo moderno, qual seja o de uma posição religiosa de fato , acreditando (a família) mais em si mesma do que em um deus qualquer. Afirma ele: A família é a única entidade realmente sagrada na sociedade moderna

Bem, entre muitas afirmativas mais ou menos polêmicas, o filósofo diz que “até a Idade Média, não havia sequer o conceito de infância. Foi entre os séculos XVII e XVIII que a infância passou a ser definida como um período de fragilidade e ingenuidade, no qual se deve prover as crianças de mimos e carinhos” (sic).

Mais adiante, o entrevistado diz que “as mentes mais brilhantes do século XVIII buscavam nas ciências e nas artes emancipar a humanidade do obscurantismo da Idade Média”. Como Ferry continua falando sem fazer nenhuma ressalva, fica a impressão de que ele também considera a Idade Média um tempo de trevas.

Quero registrar apenas dois lembretes. O primeiro é quanto ao fato de ter sido a civilização medieval inspirada nos Evangelhos, nos quais existe um claro elogio à infância, com uma fortíssima recomendação do Cristo para que nos tornemos semelhantes aos pequeninos.

Outro ponto que o filósofo francês parece ignorar, ou prefere esquecer, é o trágico fato histórico relativo ao que foi feito ao pequeno e frágil filho de Maria Antonieta pelos revoltosos inspirados ou liderados pelos Iluministas do acima citado século XVIII.

Entretanto, isso tudo são meros detalhes para um autor de “best-sellers”.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A pergunta fundamental


Os modernos recursos das telecomunicações, unidos à eficiência dos atuais meios de transporte aéreo e marítmo, sem dúvida alguma acabaram dando ao mundo certa forma de unidade imediata. Um terremoto no interior da China ecoa, em forma de notícia, em todos os jornais do planeta poucos minutos após terem cessado os trágicos abalos. O tsunami financeiro nasce em Nova York e logo sua onda catastrófica atinge as praias mais distantes da economia mundial.

Hoje é possível estar-se informado praticamente sobre tudo o que ocorre no mundo. Bem, e daí? Neste momento, vale a pena lembrar um antigo artigo, publicado na revista Seleções em dezembro de 1982, de autoria de Daniel J. Boorstin, intitulado: “O homem atualizado não sabe de nada”. O título já corresponde a uma advertência, a de que não devemos confundir “informação” e “conhecimento”.

De fato, bombardeados, sufocados por uma pletora de informações, muitos de nós não paramos para refletir. Refletir, por exemplo, sobre a contagem dos séculos. Qual é para mim o significado dessa referência cronológica? Qual é para a maioria das pessoas do Ocidente esse mesmo significado? O que ele representa em nossa vida quotidiana, desde o instante em que o despertador toca, até o momento em que deixamos o trabalho, para enfrentar o barulhento e poluído regresso para casa?

Creio que exista um silencioso e permanente desafio para nós ocidentais, o de responder a esta fundamental pergunta:
- o que representa para mim a pessoa desse homem chamado Jesus Cristo?

Trata-se de um real desafio porque existe em cada um de nós algo misterioso que é a nossa liberdade de agir, de tomar decisões. Se negarmos a sua existência, a sua realidade, não poderemos mais fazer a menor crítica ao mais corrupto de nossos políticos. Se a fizermos, seremos apenas incoerentes moralistas.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Na mosca !



No dia 13 deste mês, o jovem escritor português João Pereira Coutinho publicou no jornal Folha de São Paulo uma lúcida e muito oportuna crônica intitulada “É a política, estúpido!”

Pois é, os cronistas não são obrigados a exibir erudição em seus textos, normalmente leves, sem que essa leveza implique pretensiosa leviandade.Importa, sim, que saibam dar a seus leitores um recado inteligente e, sobretudo, bem humorado. Foi o que Coutinho fez ao redigir seus atilados comentários sobre a atual crise econômica que atinge todas as nações do mundo, com ênfase nos países do Ocidente. Importa ressaltar que, logo no início de sua crônica, o autor com muita honestidade declara não ser um expert em economia, o que não o impede de analisar de modo sensato essa mesma crise.

Vale a pena transcrever aqui o fecho da digressão feita pelo jornalista:
- Mas seria um erro passar pelo momento atual sem aprender as suas lições. Quais? Dos governos, espera-se que aprendam como é perigoso e abusivo projetar construções ideológicas equitativas no funcionamento impessoal do mercado. Das pessoas, espera-se que relembrem o que têm e o que podem gastar, esse cálculo mínimo que é a base de qualquer economia doméstica. E, da banca, espera-se apenas que o velho equilíbrio entre prudência e risco possa regressar. De preferência, sem as pressões de cima ou as ilusões de baixo.

Ou seja, o autor está registrando, ainda que esta não tenha sido sua intenção, certa mentalidade que há séculos acabou sendo aceita pelas sociedades ocidentais, esquecidas de uma distante época em que eram conhecidas, e vistas como orientação de vida, as chamadas virtudes cardeais, entre elas a da Temperança.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O moderno e silencioso desespero


Quando se diz que alguém está desesperado, imaginamos logo uma pessoa ansiosa, agitada, incapaz de ter um sono tranqüilo, chorando ou gritando – enfim, um ser humano nitidamente colocado num estado merecedor de pena. Pois é, esse é o convencional sentido daquele adjetivo.Entretanto, creio que valha a pena refletirmos sobre certo tipo de habitual desespero , despercebido pela maioria de nós, permanentes observadores de fatos e de pessoas.

Vivemos, ainda que inconscientes disso, sob a influência de uma envoltória cultural. Já faz alguns séculos que essa envoltória não mais irradia a fé que inspirou a vida dos europeus durante cerca de mil anos. Uma fé que, conforme faz pouco tempo nos lembrava Bento XVI, está essencialmente solidária com uma Esperança, uma implicando a outra.

Quando a sociedade aceita o Cristo como a resposta a todas as nossas angústias, essa Esperança fortalece as pessoas em sua trabalhosa passagem por este mundo visível. Cada uma dessas pessoas sabe, então, que é única e intransferível e, por isso mesmo, responsável. Quando não ocorre tal aceitação, abre-se a porta para um silencioso, porém real desespero .

Por isso seria bom lembrar, de modo enfático, que nunca se deve confundir o Cristianismo com certo tipo de moral sublime. Ele é infinitamente mais que isso.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

É sempre bom parar e refletir


O apóstolo São Tiago nos adverte que devemos estar sempre prontos para ouvir, porém tardos para falar e tardos para nos irarmos.
Pois bem, creio que essa advertência seja válida não só quanto às nossa habitual comunicação oral, mas também quanto ao que externamos com nossa linguagem escrita. Aliás, é bom recordar os latinos:
- "verba volant, scripta manent".
Tenho que me lembrar disso.

domingo, 12 de outubro de 2008

Variações semânticas



As piadas foram inventadas para provocar o nosso riso. Todas atingem tanto melhor tal finalidade quanto mais inesperado for o fecho da historieta. Hoje circulou pela Internet uma piada que talvez não seja das melhores, entretanto ela despertou em mim esta reflexão.


Os lingüistas registram aquilo que eles chamam “variação semântica” das palavras. Uma curiosa – e muito significativa – variação semântica é a que se liga ao sentido da palavra fortuna . Na Idade Média o termo era usado como sinônimo de sorte: má fortuna = má sorte, boa fortuna = boa sorte. Quando começa a se apagar a grande luz do Medievo, já próximo da época das grandes navegações, fortuna passa a significar basicamente a posse de riqueza material.


Os europeus que, para chegar a novas terras, enfrentavam todos os perigos, todos os sofrimentos da travessia dos oceanos que separam o velho continente do resto do mundo, ainda eram homens cristãos, sem dúvida, porém já traziam, em sua bagagem cultural, aquela ambição que em outra época era vista como altamente perigosa: a ambição de ficar rico, de fazer fortuna . E essa diferença de atitude iria crescer cada vez mais nos séculos seguintes.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A Pessoa


Temos observado o fato de que vários autores, providos de muito bom nível de escolaridade e fiéis a tradicionais valores, apesar disso muitas vezes empregam em seus textos a palavra indivíduo quando melhor fariam se tivessem ali usado o vocábulo pessoa .

Ensinam-nos os doutos que Boécio definiu pessoa como rationalis natura indivisa substantia , significando isto que a natureza da pessoa é racional, ou seja: espiritual, e que ela é subsistente em si mesma. Santo Tomás não só aceitou esta definição como, ao comentá-la, fez esta vigorosa afirmativa: persona significat id quod est perfectissimum in tota natura , “pessoa significa o que há de mais perfeito em toda a natureza”.

Tudo isso pode parecer, a um leitor desatento, mera digressão acadêmica. Ora, neste momento convém lembrar que, em todos os totalitarismos, os governos mostram sem dúvida uma continuada preocupação com o bem estar dos indivíduos que compõem a sociedade sujeita ao opressor regime. Não temos dúvida, por exemplo, que o governo chinês esteja, há muitos anos, propiciando melhores condições de conforto e de saúde e um maior nível de escolaridade para a maior parte de sua gigantesca população. E aí está o busílis. Quando se fala em maior parte , está sendo usado um critério quantitativo para avaliar a qualidade do trabalho feito pelos governantes, um critério que, infelizmente também é muito usado nos países onde ainda existem certas liberdades fundamentais.

Resumindo, em nosso mundo moderno o venerável, o essencial conceito de pessoa há um longo, muito longo tempo vem sendo ignorado por gregos e troianos.E todos vimos colhendo amargos frutos desse esquecimento.

PS: Para quem ainda não o tenha lido, sugerimos o artigo "Pequenos monstros", de João Pereira Coutinho, publicado no "site" Colunata. Nesse texto o leitor pode encontrar um trágico exemplo do que ocorre quando a pessoa é esquecida.

domingo, 5 de outubro de 2008

Um milagre histórico


É bem sabido que os judeus não tiveram vida mansa na Europa medieval.Explica-se facilmente esse fato levando em conta que a quase totalidade da população européia era constituída por cristãos convictos, todos sabedores de que Jesus havia sido crucificado pelos israelitas. Era realmente difícil, para a sociedade da época, conviver em boa harmonia com os que seguiam apenas o Velho Testamento.

Ora, há dois modernos historiadores judeus, Gustave Cohen e Egon Friedell, que registraram em livro sua entusiasmada admiração pelo Medievo. O primeiro deles é o autor de “La grande clarté du Moyen Âge”. Na última página desta obra está escrito isto:
Les tenèbres du Moyen Âge ne sont que celles de notre ignorence.

O segundo autor (morto pela Gestapo na segunda Guerra Mundial), em seu livro: “ A cultural history of the modern age”, dedica vários elogios à Idade Média, mostrando que ela representava de fato um maravilhoso tipo de renascimento dos povos europeus, como se aqueles homens e mulheres tivessem voltado a serem crianças, não significando isso que eles sofressem de um tipo de doentio infantilismo. Vale a pena, neste momento, lembrar a advertência evangélica: “Se não vos converterdes e vos tornardes semelhantes às crianças...”

De fato, quando se estuda seriamente, sem preconceito, a Idade Média, de repente chega-se à conclusão que ela foi um autêntico milagre histórico.

sábado, 4 de outubro de 2008

A teoria e a prática


[Esta reflexão complementa a anterior]

Todos os dias, a qualquer hora, em qualquer instante, cada um de nós é convidado a colocar-se nessa fundamental atitude.Ela pressupõe o habitus da reflexão. Sem esta fica mesmo difícil passar da teoria à prática.

O essencial "problema"


Em geral, a palavra problema tanto pode evocar um desafio emocionante quanto um motivo para aborrecimento. Ora, neste momento o termo para mim soa com um timbre bem fora da rotina, essencialmente fora da rotina.

É com esse timbre que pergunto a um possível leitor:
Qual deve ser o problema fundamental da existência humana?
Talvez a pergunta melhor deva ser esta:
Qual deve ser a atitude essencial na existência humana?
O problema de fato está em como manter essa atitude.

Lendo a história da vida de Beethoven ficamos sensibilizados com as inúmeras atribulações que ele enfrentou em sua existência, em especial a mais dolorosa para um músico, a surdez. Ora, quando decidiu compor sua última sinfonia, a Nona, em que seriam musicados, no coral com que ela termina, os vibrantes versos da ode “An die Freude” , de Schiller, o genial compositor registrou para sempre a transcendental importância da Alegria.

Voltando agora à palavra incômoda. Acho que o “problema” surge quando procuramos nos alegrar. Se isso for feito pelo caminho das diversões, e não por via do lazer (conforme ele é descrito por Mortimer Jerome Adler e outros pensadores sensatos), corremos sempre o risco chegar ao tédio. É preciso não deixar a inteligência contemplativa ausente dessa procura. Bem, pelo menos é assim que vejo esse tema.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O mistério



Faz poucos dias, o arquiteto Percival Puggina publicou no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, o artigo intitulado “Cá entre nós”, no qual fez oportunas considerações sobre certa emocionante pesquisa que um grupo de cientistas vem realizando na Suiça com o objetivo de “encontrar explicações para a origem e o funcionamento do universo”.

No mesmo texto o articulista abordou o fato da existência dos muitos problemas de natureza ética que a cultura moderna, inclinada para o relativismo moral e a permissividade, tem criado para o homem.Embora Puggina não externe esta opinião, creio que ele concordaria comigo se eu lhe dissesse que nós ocidentais talvez tenhamos mais motivos para tristeza e angústia, diante dessa envoltória cultural que ora nos cobre.

Filiado a uma profissão que, além do senso estético, exige de seus membros conhecimentos das ciências Matemática e Física, o analista gaúcho certamente não é contrário à investigação científica. Parece-me, sim, que ele, com muita acuidade, já percebeu que está ocorrendo, em vários setores da sociedade humana, o que podemos chamar de “uma louca disparada prá frente” .

Nessa triste corrida, estamos deixando de refletir, e mais do que refletir, de contemplar o mistério das coisas que nos cercam, até mesmo as banais. E mais do que isso, o mistério da vida, o mistério do Mal, mistérios que fogem a qualquer petulante e cartesiana tentativa de explicação.