quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Na mosca !



No dia 13 deste mês, o jovem escritor português João Pereira Coutinho publicou no jornal Folha de São Paulo uma lúcida e muito oportuna crônica intitulada “É a política, estúpido!”

Pois é, os cronistas não são obrigados a exibir erudição em seus textos, normalmente leves, sem que essa leveza implique pretensiosa leviandade.Importa, sim, que saibam dar a seus leitores um recado inteligente e, sobretudo, bem humorado. Foi o que Coutinho fez ao redigir seus atilados comentários sobre a atual crise econômica que atinge todas as nações do mundo, com ênfase nos países do Ocidente. Importa ressaltar que, logo no início de sua crônica, o autor com muita honestidade declara não ser um expert em economia, o que não o impede de analisar de modo sensato essa mesma crise.

Vale a pena transcrever aqui o fecho da digressão feita pelo jornalista:
- Mas seria um erro passar pelo momento atual sem aprender as suas lições. Quais? Dos governos, espera-se que aprendam como é perigoso e abusivo projetar construções ideológicas equitativas no funcionamento impessoal do mercado. Das pessoas, espera-se que relembrem o que têm e o que podem gastar, esse cálculo mínimo que é a base de qualquer economia doméstica. E, da banca, espera-se apenas que o velho equilíbrio entre prudência e risco possa regressar. De preferência, sem as pressões de cima ou as ilusões de baixo.

Ou seja, o autor está registrando, ainda que esta não tenha sido sua intenção, certa mentalidade que há séculos acabou sendo aceita pelas sociedades ocidentais, esquecidas de uma distante época em que eram conhecidas, e vistas como orientação de vida, as chamadas virtudes cardeais, entre elas a da Temperança.

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