quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A Pessoa


Temos observado o fato de que vários autores, providos de muito bom nível de escolaridade e fiéis a tradicionais valores, apesar disso muitas vezes empregam em seus textos a palavra indivíduo quando melhor fariam se tivessem ali usado o vocábulo pessoa .

Ensinam-nos os doutos que Boécio definiu pessoa como rationalis natura indivisa substantia , significando isto que a natureza da pessoa é racional, ou seja: espiritual, e que ela é subsistente em si mesma. Santo Tomás não só aceitou esta definição como, ao comentá-la, fez esta vigorosa afirmativa: persona significat id quod est perfectissimum in tota natura , “pessoa significa o que há de mais perfeito em toda a natureza”.

Tudo isso pode parecer, a um leitor desatento, mera digressão acadêmica. Ora, neste momento convém lembrar que, em todos os totalitarismos, os governos mostram sem dúvida uma continuada preocupação com o bem estar dos indivíduos que compõem a sociedade sujeita ao opressor regime. Não temos dúvida, por exemplo, que o governo chinês esteja, há muitos anos, propiciando melhores condições de conforto e de saúde e um maior nível de escolaridade para a maior parte de sua gigantesca população. E aí está o busílis. Quando se fala em maior parte , está sendo usado um critério quantitativo para avaliar a qualidade do trabalho feito pelos governantes, um critério que, infelizmente também é muito usado nos países onde ainda existem certas liberdades fundamentais.

Resumindo, em nosso mundo moderno o venerável, o essencial conceito de pessoa há um longo, muito longo tempo vem sendo ignorado por gregos e troianos.E todos vimos colhendo amargos frutos desse esquecimento.

PS: Para quem ainda não o tenha lido, sugerimos o artigo "Pequenos monstros", de João Pereira Coutinho, publicado no "site" Colunata. Nesse texto o leitor pode encontrar um trágico exemplo do que ocorre quando a pessoa é esquecida.

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