segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Reflexão inspirada em um filme


O filme “A ponte do rio Kwai” foi lançado em 1957, portanto há mais de cinqüenta anos. Devo ter assistido essa película pelo menos umas duas vezes durante esse meio século de sua existência. Ontem à noite, depois de tê-lo visto provavelmente pela terceira vez, pensei em escrever este comentário.

Quem conhece o enredo sabe que, ao longo das peripécias, está sempre presente a dura oposição entre o coronel Nicholson (interpretado por Alec Guiness), comandante do batalhão inglês, e o pseudo-oficial americano, Shears, (vivido por William Holden).
Pois bem, a infeliz obsessão de Nicholson em construir, e até mesmo defender a integridade da ponte, esquecendo-se do contexto da guerra em que todos os personagens estavam envolvidos, e a tragédia que acontece nas cenas finais do filme levaram-me às seguintes reflexões.

Acho que, desde o século XV ou XVI, nós, ocidentais, vimos nos empenhando na construção de pontes ; miríades e miríades de pontes , das mais variadas formas e tamanhos, das mais diversas dificuldades de construção, Um continuado processo que, ao longo dos séculos, vem se intensificando cada vez mais, seja na esfera política, seja na vida familiar ou na vida individual. E vimos fazendo isso muitas vezes com o mesmo empenho, com a mesma seriedade com que o coronel Nicholson agia, e com um teimoso, um mecânico desligamento, análogo ao dele, em relação a este nuclear problema:

- “qual é o sentido de tudo isso que estamos realizando neste mundo?”

Perdemos o maravilhoso consenso que existiu na Idade Média.

[Curioso, no filme o personagem Shears, representado por William Holden, não é um modelo de disciplina e seriedade; várias vezes ele se comporta como um pragmático e cínico “bon-vivant”. Entretanto, na hora mais crítica da sua penosa aventura, mostra-se capaz de tomar a decisão moralmente certa.]

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