segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O porquê da minha reflexão anterior


O que me levou a escrever a reflexão anterior (sobre o significado da Idade Média) foi um artigo que li ontem na Internet. O referido texto criticava duramente um notório político brasileiro. A crítica era - e é - sem dúvida alguma, repleta de verdades, é uma crítica justa e oportuna.. Entretanto, quem escreveu o artigo provavelmente até agora não foi às raízes mais profundas do problema. Comenta-se o fato de a maioria de nossos eleitores ser incapaz de fazer uma lúcida escolha politica, porém não é explicado por que nosso povo acabou chegando a um tal ponto de decadência ética que o torna incapaz de perceber certas realidades que deveriam ser óbvias.

O significado da Idade Média


Se, em uma conversa em família ou entre colegas, nos arriscarmos a fazer elogios à Idade Média, é bem possível que, de repente, alguém nos pergunte: "então você quer dizer que naquela época todos os homens e mulheres da Europa eram santos? Que não havia vaidade, ambição, arrogância ou violência naqueles tempos? "

Um grande escritor brasileiro, em livro que talvez seja a principal de suas obras, discorre com grande perspicácia sobre aquilo que ele chama de envoltória cultural. Em cada época da história a sociedades humana vive justamente sob uma característica envoltória cultural, ou seja, vive inconscientemente sob a influência de um conjunto de idéias e de valores que inspiram todas as ações das pessoas, sejam as ações rotineiras, sejam os atos extraordinários. Quando se estuda sem preconceito a história da Idade Média vê-se que ali houve de fato uma civilização cristã. E é isso o que hoje em dia não existe no Ocidente, ainda que as estatísticas nos digam que existem milhões de batizados nesta região do mundo.

O problema começou a existir há vários séculos. Quando Colombo chega à América, a envoltória cultural européia já estava passando por uma sutil mudança. Camões, em seu maior poema, com mais de oito mil versos, apenas em dois deles refere-se à Cristandade.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Uma vital hierarquia


Quando lemos o Antigo Testamento, quando somos informados sobre o que pensavam homens como, por exemplo, Aristóteles e Cícero, vemos que a Moral, as regras morais já existiam séculos antes do Cristianismo. O próprio Cristo, em uma de suas inúmeras advertências, nos previne sobre o original significado de sua mensagem quando nos diz: "não julgueis que vim terminar com a Lei e com os profetas". De fato, o que Ele nos traz é algo inteiramente novo; é justamente o apelo a uma nova atitude diante do mistério da vida, do mistério que existe em cada pessoa humana.

Não se trata de minimizar, de esquecer os problemas políticos, os problemas familiares e outros, que sempre existiram e sempre existirão. Necessário é darmos precedência a uma atitude quieta, com um silêncio interior, diante daquele mistério, ou seja, criarmos em nós uma vital hierarquia.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Um colossal mistério


Não sei se o adjetivo colossal será suficiente para qualificar o termo a ele posposto. Estou me referindo ao mistério do respeito que Deus tem pela liberdade humana. Neste momento, um eventual leitor deste blog poderá comentar: "ora, esse respeito está coerente com o fato de o ser humano não ter sido criado robô ". Responderei ao comentário dizendo que a coerência não esgota o mistério.

Em volta de nós existe uma infinidade de coisas, de objetos com os quais convivemos, dia após dia. Esse convívio gera uma rotina que cobre nosso olhar como se fosse um véu invisível . Desse modo deixamos de perceber o mistério existente em cada coisa , em cada objeto. Poucos, bem poucos de nós nos damos conta dessa misteriosa realidade. Encontrá-la pode ser uma pista para contemplarmos, admirados, o mistério daquele divino respeito.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O maior desafio continua


[Este post de certo modo complementa o que escrevi no dia 13 deste mês.]

Não é exagero afirmar que vivemos sob um contínuo bombardeio de notícias que nos chegam pela televisão, pela Internet, pelos jornais e pelas revistas noticiosas. Essas notícias envolvem desde os sombrios fatos da politica até as tragédias causadas pela natureza, sem esquecer as intrigas do chamado meio artístico e outras ligadas ao nosso popular futebol. Se não tomarmos cuidado deixamos nossa inteligência ficar prisioneira de um ativismo mental.

A meu ver, esse ativismo mental bloqueia uma necessária atitude contemplativa. E esta é tanto mais importante, tanto mais necessária, quanto maior é a intensidade daquele bombardeio de notícias. Uma das consequências do bloqueio é o esquecimento do maior desafio feito ao homem . Esse silencioso desafio, feito há mais de dois mil anos, continua presente:
- quem é Jesus Cristo para mim?

sábado, 15 de janeiro de 2011

Com quem deveríamos aprender


Depois de ler hoje na Internet certo texto escrito sobre um assunto de indiscutível relevância, tomei a decisão de registrar aqui uma idéia, antiga porém, a meu ver, sempre atual. Essa idéia não é minha e não consigo me lembrar quando e onde dela tomei conhecimento, e nem me lembrar, infelizmente, quem é o seu autor. Em síntese, a idéia é a seguinte: as pessoas que melhor podem nos ensinar as verdades essenciais são os santos, os poetas e as crianças.

Inúmeras vezes nos prendemos ao ato de analisar os problemas do mundo moderno, mais especificamente os problemas do Brasil e, assim presos, deixamos de contemplar o mistério das coisas. Valeria a pena prestarmos mais atenção nos santos, nos poetas e nas crianças.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Um ponto para refletir demoradamente


Estou escrevendo este post supondo que ele venha ser lido por um cristão, católico ou não. Um não cristão provavelmente vai achar o assunto irrelevante.

Quando lemos com atenção as páginas do Evangelho que nos falam sobre a ressurreição do Senhor, notamos o seguinte fato: Jesus ressuscitado não apareceu diante dos doutores da Lei que o haviam entregue a Pilatos nem apareceu diante do homem que o condenara à morte para lhes dizer: "vejam, estou vivo".
Pergunto: quantos cristãos terão refletido sobre essa silenciosa atitude de Jesus?
Na minha opinião, o não ter pensado no assunto denota falta de sensibilidade para com o nuclear mistério da mensagem evangélica.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A difícil comunicação humana


No dia 4 deste mês escevi uma reflexão avulsa em que falava sobre a dificuldade da comunicação humana, em que pese ela estar ligada à nossa natureza. Acho que seja cabível discorrer sobre o tema.

Suponhamos que um mesmo livro, por exemplo, um ensaio histórico, venha a ser lido por dois brasileiros, um: o senhor X, e o outro: o senhor Y. Vamos supor, para melhor fazer nossa análise, que ambos os leitores possuam escolaridade de nível superior, tenham a mesma crença religiosa, sejam profissionais sérios, dedicados pais de família e adotem uma idêntica posição crítica diante da situação política brasileira.

Note o leitor a existência de vários significativos pontos de encontro cultural entre os dois homens ora considerados.Entretanto, terminada a leitura do livro referido, o leitor X mostra-se entusiasmado enquanto o leitor Y, ainda que tenha entendido tudo o que estava lá escrito, fica em um estado de contrastante apatia. Por que ocorre essa diferença de reações?

Cada ser humano tem uma história eminentemente pessoal, um passado repleto de circunstâncias únicas, de experiência com fatos que, uma vez ocorridos, ficam para sempre guardados na memória, nos dois quartos dessa faculdade, o da lembrança intelectual e o da lembrança sensível, quartos esses interligados. Os poemas que foram lidos e o modo como foi feita a leitura, as músicas que foram ouvidas e o modo como se deu a audição, tudo isso e muito mais foi moldando, ano após ano, o nosso pessoalíssimo modo de ler um livro.E mais que isso, foi construindo a nossa capacidade de receber a mensagem nele contida.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Reflexões avulsas


1.O moralismo político ainda é uma forma de moralismo, não importa o quanto seja bem intencionado.

2. O verdadeiro amigo não bate palmas para tudo o que falamos ou fazemos.

3.A memória histórica é tão importante para a sociedade humana quanto a memória individual é para uma pessoa.

4.O papel nuclear da inteligência não é resolver problemas complicados, mas, sim, contemplar o Bem, a Verdade e a Beleza.

5. Com absoluta certeza a honestidade não é a principal virtude.

6. Aristóteles nos ensina que o homem é um ser essencialmente comunicativo. O Estagirita está certo, porém como é difícil a comunicação humana!

7. As explicações claras e convincentes que a Ciência nos dá sobre os fenômenos físicos ficam sempre alheias ao mistério das coisas. Um poeta pode dar-nos aulas mais didáticas sobre esse assunto.