sábado, 27 de setembro de 2008

António Frederico Ozanam

Há cento e cinqüenta e cinco anos partia deste mundo esse francês que, pela sua enorme cultura e não menor fé religiosa, foi (e ainda é) um exemplar representante da melhor contribuição que a “filha mais velha da Igreja” vem dando há séculos para a civilização ocidental.

Estamos vivendo neste século XXI dentro de um clima cultural extremamente conturbado. Por toda parte respira-se uma mal disfarçada angústia, com uma sombria expectativa de acontecimentos apocalípticos. Pois bem, a nós cristãos talvez seja oportuno lembrarmos um sábio conselho que Ozanam certa vez disse a um de seus amigos:

- Queixemo-nos menos de nosso tempo que de nós mesmos.

[Ozanam foi beatificado em 22 de agosto de 1997 ]

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Duas dramáticas perguntas



Nas páginas do Novo Testamento encontramos duas perguntas, feitas ao Cristo, as quais, para mim pelo menos, têm uma enorme dramaticidade. Note bem leitor: não sou teólogo e nem exegeta. Vou opinar como simples cristão, com meus defeitos, alguns talvez bem graves.


A primeira pergunta pode ser lida no Evangelho segundo São João, Cap. 14, vs. 22 e 23. A segunda ocorre no Ato dos Apóstolos. A primeira, feita por São Judas Tadeu, praticamente ficou sem resposta. A segunda, feita por Saulo na estrada de Damasco, teve cabal resposta, dando início à carreira de São Paulo como o Apóstolo por excelência.


Acho que muitos de nós, ao longo de nossa vida, várias vezes, na hora da angústia, de repente fazemos a primeira pergunta e, infelizmente, muito mais vezes deixamos de fazer a segunda.



quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O folclórico e o universal



Quando se fala em hierarquia, pessoas desatentas pensam de imediato na profissão militar.De fato, esse tipo de atividade profissional é, há milênios, organizado em uma bem definida estrutura hierárquica.Longe de desvalorizar aqueles que estão nos níveis mais baixos dessa escala, a hierarquia militar dá oportunidade a que todos os componentes dessa organização possam mostrar suas respectivas aptidões e competências individuais.


Ora, existem outros tipos de hierarquia na existência humana.Um deles é o que poderíamos estabelecer, por exemplo, entre duas atitudes ou dois comportamentos, digamos assim, culturais: o folclórico e o universal.Em um povo realmente civilizado, existe espaço para ambas atitudes.


Tais considerações me parecem cabíveis no momento em que o Brasil comemora o centenário da partida de Machado de Assis para a Eternidade.Poderíamos listar vários escritores brasileiros que deixaram registrada em seus romances a presença do folclórico na cultura nacional.Isso é importante? É claro que é. Trata-se daquilo que nos torna únicos no mundo.Entretanto, mais importantes - e aqui entra a hierarquia - são as obras literárias que nos ligam ao universal . O homem que escreveu, entre outros livros, o "Quincas Borba", as "Memórias póstumas de Brás Cubas" e o "Dom Casmurro" com absoluta certeza contribuiu, de modo excelente, para a nossa permanência em um nível mais alto de civilização.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A nobre tarefa de ensinar


Faz uns vinte anos, um bem conhecido professor americano do MIT recebeu brilhante homenagem no Japão, concedida a ele em reconhecimento de suas atividades como docente naquela famosa instituição universitária dos Estados Unidos.

O mesmo professor, em um artigo por ele escrito, declarou que, se tivesse de escolher entre suas tarefas de pesquisador e seu trabalho em sala de aula, faria opção por esta segunda atividade.

Estes fatos me vieram à lembrança quando tomei conhecimento de um artigo, publicado na revista VEJA desta semana, de autoria do economista Cláudio de Moura Castro, pessoa que há vários anos se dedica à analise dos problemas do ensino no Brasil.

É bem possível que esse artigo provoque alguma polêmica, o que seria uma pena, porquanto a verdade é que, em qualquer nível de ensino, o ato de transmitir conhecimentos possui uma especial nobreza. Nele está pressuposta - antes de mais nada - uma essencial generosidade daquele que se propôs a ensinar os menos experientes e menos informados.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A difícil comunicação humana


Faz pouco tempo um jovem e brilhante pesquisador escreveu um artigo em que dizia ser o mecanismo da voz humana conseqüência de uma lenta evolução do aparelho respiratório, nele incluída a boca.
Bem, mesmo admitindo como verdadeira essa origem evolutiva da nossa fala, permanece esta essencial verdade: o ser humano é naturalmente comunicativo.


Paradoxalmente, essa natural comunicabilidade nem sempre é fácil de ser posta em prática.Um bom exemplo desse fato ocorre quando desejamos transmitir a alguns amigos o nosso testemunho sobre o enorme valor cultural de um determinado livro, uma obra cuja leitura provocou (e ainda provoca) em nós um grande entusiasmo.


Cada um de nós tem uma história eminentemente pessoal.Ao longo dos anos, sob a influência de nossa família, do lugar onde nascemos e de outros onde moramos, dos muitos outros livros que lemos desde a infância, das aventuras reais por que passamos - enfim, um vasto cenário de experiências feitas que acabam por formar nosso critério de avaliar as coisas. E esse critério é único e intransferível.


Gostaríamos que um amigo tivesse a mesma alegria que tivemos ao ler aquele livro.Entretanto, por mais que falemos sobre ele, por mais que citemos páginas repletas de sabedoria, nosso interlocutor permanece quieto, não disposto a ir à procura daquilo que para nós é um tesouro.E essa passividade nos deixa melancólicos.

domingo, 21 de setembro de 2008

O primeiro passo foi dado


Como tão bem soube dizer em seus escritos o saudoso pensador e poeta John O'Donohue, é preciso encontrarmos o nosso eu ; não o eu do psicologismo indiscreto, mas o eu profundo da nossa alma, única e intransferível.

Refletir

Apenas refletir.

Parece muito pouco, mas , como isso é necessário em nossos dias.